As capturas dos instantes não os imobilizam por completo. Cada corpo em ação – dobrando-se, girando, inclinando-se – enunciam não apenas a materialidade dos ossos, mas a força anímica das locomoções. A câmera pode fixar a forma, mas não interrompe o fluxo do mistério que anima os gestos. As fotografias se tornam testemunhas dos chãos de terreiros que, para serem pisados, necessitam de pés descalços, logo estes solos se tornam testemunhas de nós.
           O chão tem eras e tem fissuras, têm vínculos. Como terminasse o limite de mundo ao tocar nos pés. Acima levitam. Para erguer, também se canta e a delicadeza, ou a densidade dos movimentos, se faz conforme a cadência da palavra. Um corpo umbandista também tem eras e fissuras, constroem vínculos de múltiplas dimensões como iniciasse a infinitude da vida.

"enquanto pessoa terrena
não é possível ver a si mesmo, apenas as entidades.
o que a gente fotografa e consegue captar
é a vida das pessoas."

Topo