Ver é muito mais do que apenas enxergar o mundo físico dos objetos. Para podermos, de fato, enxergar, devemos interpretar não apenas os seres que nos rodeiam mas suas representações também. Assim, notamos que a realidade que nos encontramos transborda em aspectos que outrora não perceberíamos. Através de uma metáfora, é possível interpretar esses manequins como representações humanas e relações entre estas, como de abuso e imposição de submissão.
Uma relação interpessoal pode ser positiva ou negativa, e devemos ter a consciência de ambas. Apesar disto, não podemos visualizar apenas a negativa. As relações humanas que utilizam corpos femininos para exercer um mal existem e não devem ser delegadas a fim de não serem resolvidas. É um fato que curvas femininas estão sendo precificadas e definidas por outrem.
Em nossa realidade a sexualização ganha cada vez mais espaço. Ela é inserida em relações humanas e variados corpos. Entretanto, há uma pergunta que transparece em nosso dia a dia. O cotidiano em que a sexualidade gera abuso e é inserida em contextos inadequados, dos quais a maioria é incluso corpos femininos. A questão gerada por tais fatos é simples: A sexualização está em tais corpos femininos ou em quem os sexualiza?
Abuso tem definição, tem um conceito e, infelizmente, tem prática. Ele pode ser apresentado de diversas formas, e a violência que o acompanha deixa marcas que podem ser vistas não somente para sua vítimas. A metáfora dos manequins torna-se mais forte quando começamos a tratar pessoas reais como manequins, ou seja, como simples objetos.